Exercícios poéticos, apaixonados e patéticos: pequenos mergulhos e vôos, para compartilhar...

27 de out. de 2013

Pequenas reflexões kaminskianas sobre o amor



Tempos atrás, alguém que amo me disse que é durante situações difíceis, penosas ou tensas que podemos descobrir quem realmente nos ama, a partir de suas atitudes e reações... e então, pensei bastante sobre a verdade destas simples palavras. De fato, é quando passamos por apuros, ou quando falhamos e estamos frágeis, que descobrimos se alguém nos ama, realmente!... Nestes momentos, algumas pessoas podem ficar indiferentes ou frias, podem ser cruéis ou zombeteiras, podem até nos fazer cair mais um pouco ou pisar sobre nós, outras talvez nos lancem um olhar cínico ou nos desprezem... Entretanto, as verdadeiramente amorosas, estendem a mão, nos ajudam a levantar, tratam de nossas feridas, nos reanimam, procuram mostrar que existem modos de aproveitar o tropeço e até a queda como aprendizado, como chance de aprimorar o ser... Enquanto alguns se mostram insensíveis ao nosso sofrimento e angústia, e estão por perto apenas nas horas fáceis, leves e alegres, outros, mais leais, partilham dores e prazeres, de modo desprendido, mais maduro e generoso... 


Quem ama, de fato, não nos desdenha na hora em que mostramos as facetas menos belas ou mais imperfeitas do ego, mas continua vendo e valorizando o que temos de melhor e precioso – e nos lembra disso, mesmo que nosso narcísico eu esteja partido em mil pedaços e a tola vaidade humana, estilhaçada!... O ser amoroso ajuda a catar os cacos e rejuntá-los, participa da reinvenção do caminho, do destino e da alegria.


Outra pessoa querida lembrou-me destas palavras sensíveis e sábias de Clarice Lispector: “Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca.” Seja qual for o sentido ou significado que damos à nossa viagem vital, certamente a escolha entre amar ou não amar faz muita diferença! Amar os outros, amar nosso trabalho, amar a natureza, amar a própria vida... pode ser o segredo por tantos esquecido, num tempo em que o amor-próprio e o culto ao individualismo parecem exacerbados, ainda que acabem conduzindo, no mais das vezes, à tristeza, à amargura, à decepção... O amor aos outros, por sua vez, se dispensado na mesma medida em que procuramos agradar a nós mesmos, acaba resultando em satisfação íntima, num júbilo invisível mas reluzente, que faz brilhar os olhos, adoça e enternece a voz, enobrece os gestos, faz fulgurar as almas e resgata esperanças, valores e singularidades. Viver com amor e coragem, exercitar a delicadeza no cotidiano, cultivar laços - esta é a maior arte!

(Ana Luisa Kaminski
. Texto escrito e publicado em 27 de outubro de 2010. Republico hoje, com pequenas alterações.)

18 de out. de 2013

Que a arte nos aponte uma resposta...

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para faze-la florescer;
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção..
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade... também.

(Oswaldo Montenegro)


Imagem: "Ciclos Azuis e Lilases". Pintura de Ana Luisa Kaminski

15 de out. de 2013

Olhos de ver...

"Para quem não anseia senão ver, há luz bastante; mas para quem tem oposta disposição, sempre há bastante escuridão".
(Blaise Pascal)

13 de out. de 2013

Dar à luz...

"Tudo está em deixar amadurecer e então dar à luz. Deixar cada impressão, cada semente de um sentimento germinar por completo dentro de si, na escuridão do indizível e do inconsciente, em um ponto inalcançável para o próprio entendimento e esperar com profunda humildade e paciência a hora do nascimento de uma nova clareza: só isso se chama viver artisticamente, tanto na compreensão quanto na criação."

(Rainer Maria Rilke)




*Imagem: "Ninfa Azul". Pintura de Ana Luisa Kaminski
Edição digital de Alberto Newton Delacoste Fernandez

10 de out. de 2013

Cuidar das emoções com carinho...



"Pelo fato da vida ser, relativamente, tão curta e não comportar “reprises”, para emendarmos nossos erros, somos forçados a agir, na maior parte das vezes, por impulsos, em especial nos atos que tendem a determinar nosso futuro. Somos como atores convocados a representar uma tragédia (ou comédia), sem ter feito um único ensaio, apenas com uma ligeira e apressada leitura do script. Nunca saberemos, de fato, se a intuição que nos determinou seguir certo sentimento foi correta ou não. Não há tempo para essa verificação. Por isso, precisamos cuidar das nossas emoções com carinho muito especial."
(Milan Kundera)






("Jarro Azul". Pintura de Ana Luisa Kaminski)