Exercícios poéticos, apaixonados e patéticos: pequenos mergulhos e vôos, para compartilhar...

27 de ago. de 2007

Caleidoscópio azulado


I

Olhares
distraídos
esgarçados
flutuantes
e etéreos
aprofundam
aberturas
de abismos
e mistérios
perscrutando
invisíveis
labirintos
e avessos
gris-lilases...

II

Pensamentos
poli-alados
penetrantes
esvoaçam
entre achados
e perdidos
poliedros
da memória
refletindo
mil matizes
e centelhas
azuladas
no mosaico
espelhado
(jamais raso)
do olhar...

III

Borboletas
bailarinas
fulgurantes
e fugazes(?)
celebrando
os sentidos
do eterno
escondidos
nas fissuras
da intrigante
e transitória
morte-vida
tão volátil,
nunca vã...

Imagem: "Cabeça Azul". Pintura de Ana Luisa Kaminski

20 de ago. de 2007

Celebração Azul


Há 41 anos, minha mãe deu à luz uma menina que, bem cedo, descobriria em si o encantamento pelo AZUL e uma grande paixão pela ARTE que faz sua alma vibrar e voar, até hoje. Palavras e cores passaram a fazer parte de seu mundo e ser tão vitais para ela quanto o ar, ou a terra, a água, o fogo, as flores e estrelas. E, na alma desta mulher sonhadora, a paixão pelo azul perdura...

Neste dia de celebração, aqui e agora, quero agradecer,mais uma vez, aos meus progenitores adoráveis, por terem me ensinado, desde aquele dia 20 de agosto, que o AMOR é o bem mais precioso e o maior dos milagres, o único capaz de dar sentido e valor à VIDA, ou transformar as vidas em emocionantes aventuras... Seja por outras pessoas, por uma profissão ou causa, pela natureza ou pela própria existência, é o amor que mantém acesa a “centelha azulilás” da alma, e nos incita aos gestos delicados ou grandiosos que fazem toda a diferença entre uma vida mágica ou vazia. Agradeço, pois, à minha mãe, Hildegard Dóris Kaminski, e a meu pai, Bernardo Eckert Kaminski, pelo presente e exemplo de amor, dignidade e respeito (possíveis e desejáveis na complexa vida humana!) que continuam oferecendo até hoje, bem como pelo apoio que sempre recebi na escolha de meus caminhos azulados...

A gratidão estende-se a meus queridíssimos filhos Daniel e Bernardo, que alegram meu viver com sua presença especial e carinhosa, e ao doce Beija-Flor Bubi, pelo amor constante e por compartilhar dores e prazeres ao longo destas décadas que já trilhamos juntos... Grata também sou às minhas amadas irmãs e amado irmão, pela amizade e companheirismo fecundos, e feliz pelo calor e alegria que emanam de todos os corações amigos, participantes deste colorido celebrar: a vida fica mais doce quando amigas são também amadas, irmãs ou mães, e quando amigos revelam-se simultaneamente irmãos ou amores, nesta trama de afetos cintilantes que faz da existência uma fantástica viagem. É por tudo isso que, hoje, meu coração transborda de contentamento e ternura!...

Continuarei sonhando, sim, semeando e cultivando as flores do jardim, na esperança de que, um dia, exista um tempo e lugar onde não haja espaço para o desamor e para as misérias que dele decorrem. Sigo celebrando e sonhando com a Vida plena, onde cada momento e matiz são pintados com a seiva translúcida que verte e escorre dos corações onde floresce o verdadeiro bem-querer, generoso e infindo...

Imagem: "Paraíso". Pintura de Ana Luisa Kaminski.

6 de ago. de 2007

Véus, vôos e avessos



Quando amo plenamente
abro os portais da alma
sem medo de me lançar
ao alizarim, ao azul
arrisco a entrega inteira
sem temer vôos ou quedas
vislumbro o céu e o avesso
nos olhos descortinados
vejo verdes, lilases, anis
cor-de-noite, terra, gris
janelas abertas, paraísos...
Coração leve, apaixonado
livre dos véus da ilusão
avança no vazio violeta
inventa novos jardins
revive entre nuvens e luzes
ultrapassa limites, cintila
num trânsito eterno-etéreo...

*Imagem: "Borboleta Azul"
Pintura de Ana Luisa Kaminski