Exercícios poéticos, apaixonados e patéticos: pequenos mergulhos e vôos, para compartilhar...

7 de dez. de 2007

CELEBRAÇÃO AZUL



Hoje, um brinde à Vida, ao Amor, à Arte de viver com delicadeza, através de um encontro poético feliz. Agradeço a presença destes amigos de alma translúcida, que autorizaram a postagem de seus poemas: Célia Musilli, Leila Lopes e Fabrício Brandão. Desejo que os visitantes deste jardim azul compartilhem o prazer deste celebrar, levando e deixando suas sementes, transportando energias, pétalas e pólens de ternura pelo mundo.


PRAZER

ainda que
o que me instigue o corpo
seja breve
seja novo
será sempre
a lição sem fim
de redescobrir paraísos
perdidos
dentro de mim


MAPA MUNDI

seus dedos percorrem os vãos
de sua gueixa francesa
rota de seda azul
o sexo rasgando um blues
em nossa tarde chinesa

(Poemas de Célia Musilli, contidos em seu livro Sensível Desafio)

...

PÉTALAS DO CAMINHO

Porque sério, quando me enrolo nos teus braços-noite, penso, falta-me alguma razão,
ficou pendente no primeiro ponto, aquele donde começamos a vida, alimento de viagens não ainda decifradas.
Durmo melhor no teu colo, posso até escolher os sonhos-pesadelos que me despertam ou o olhar de vida que me dedicas ao amanhecer.
Não sei se era vidro. Não era.
É amor em cada pedaço da noite e no claro do dia.
Em cada pedaço do caminho-ponte.
Ainda esqueço de mergulhar na água corrente do rio que passamos.
Preciso apenas amanhecer em teus contornos sonhadores leves de mistérios
e basta.

(Texto de Leila Lopes, publicado em seu blog Palavra e Destino)

...

OFERENDA


Os gestos bebem presságios
e não há vagas
para uma prole confusa de desejos.
Passar incólume pela pureza
é ofício de ruminantes horas,
um desvio a seguir.
O movimento do lugar infinito
sabe de si,
flutua na camada invisível de sonhos,
jamais recupera o sabor de ontem.
O vento que se encarrega de mexer marés
sussurra virtudes para quem se permite livre.


(Poema de Fabrício Brandão, dedicado a Valéria Freitas, e publicado no blog Diversos Afins)
...


*IMAGEM: "Ninfa no Paraíso Azul".
Pintura de Ana Luisa Kaminski
Outros textos de Célia Musilli, Leila Lopes e Fabrício Brandão podem ser encontrados nos sites Sensível Desafio, Palavra e Destino , e Diversos Afins, na lista de links ao lado.

27 de nov. de 2007

Dádiva


Hoje, deixo aqui, para o deleite dos amantes das letras aladas, um belo poema do caríssimo amigo Carlos H. Leiros. Quem apreciar, pode encontrar outras delícias no site Almofariz (está entre a lista de links, ao lado).








Dádiva


como cartas sussurradas,
os anjos adormeceram.
dei-lhes – entre alguns afagos –
a vigilância do mundo,
a sensação dos dedos finos nos cabelos.
.
em troca jogaram guizos,
de suas campânulas de sonho,
que me caíram na fronte,
em lindas pétalas de brancura,
como quando choram os jasmineiros

.
.
Poema de Carlos Henrique Leiros
site Amofariz (ver links ao lado)

Imagem: "Ninfa Azul". Pintura de Ana Luisa Kaminski

22 de nov. de 2007

ALÉM DO JARDIM



Em julho de 2006, quando estive em minha terra natal, Erechim (RS), fazendo a exposição de pintura "Entre Ânkoras & Asas", o músico Sérgio Intkar teve a idéia de usar algumas de minhas imagens em seu próximo CD. Fiquei feliz, e à espera...Agora, finalmente, neste final de 2007, o CD ficou pronto!!! Deixo abaixo o e-mail do Sérgio, para contato, caso alguém deseje comprar o CD, e também meus PARABÉNS aos que fazem da arte da música seu especial ofício: FELIZ DIA DO MÚSICO!!!

CD "ALÉM DO JARDIM"
Composição, arranjo e montagem: Sérgio Intkar
Pintura e Poesia: Ana Luisa Kaminski


>*e-mail: sergiointkar@hotmail.com

7 de nov. de 2007

Orquidário do Olhar


Acontece que ela vivia às voltas com olhar porque via e recriava tudo que se apresentava aos seus olhos e aos seus sonhos. Ela materializava as asas, borboletas, orquídeas, almas que a faziam viver no limiar entre realidade e sonho, por isso, aos olhos dela o mundo era uma imensa aquarela imprescindível de pincel, cores, sons, vida-sonho, sendo esse o seu destino: pôr cor em tudo o que via, tocava, imaginava. Alar seres terrenos, abrir gaiolas, desencaixotar a luz.

Sabedora de seu dom, ela matizava sutilmente as asas de cada sonho e em cada vôo-olhar-aquarela deixava um portal mágico no qual só se entrava um de cada vez: cada ser voava e via asas, orquídeas, azul-lilás-róseo com a cor do sonho que carregava em si, desde sempre, desde que aprendeu a sonhar e desde que se esqueceu de como se sonha. E o portal se abre repleto de imagens que esvoaçam, fragmentam-se e se despedaçam ao olhar atônito de quem até então sentiu, mas não viu o portal aquém do sonho.

E porque anaquarela o olhar, ela oferece um pórtico mágico sutil e aprisionador. Alguns seres nem tão desavisados assim, adentram no mundo anaquarelado e vêem olhos tristes, ainda que cheios de sonhos...

Texto: Glória Azevedo
Imagem: Ana Luisa pintando azuis...

29 de out. de 2007

Confluências Aladas

Esta postagem é uma homenagem às almas amantes da poesia, Glória Azevedo, Bárbara Lia, Adelaide Amorim e Lau Siqueira, por tornarem o mundo mais belo, vivo e pulsante ao espalharem suas sementes, pólens e pétalas pelos caminhos curvilíneos da existência. Meu beijo alado e pintado a todos!

SILÊNCIOS

O tempo de introspecção é o tempo do reencontro. Pode ser a percepção de que há portas pedindo para serem abertas, pode ser o definitivo abandono de porões antigos.

Descer a si pode ser perder-se no não-encontro, mas pode ser, também, e quase sempre o é, a possibilidade de equilíbrio por entre o que se pensava não mais nos pertencer (e só nos pertence o eu que já fomos; os outros que não somos nós configuram nosso "estranho estrangeiro" e não nos dizem respeito).

A nossa vida é feita de Sim, costumeiramente seguido de Mas e seus difíceis penhascos. É nos penhascos que nos seguramos.

O silêncio é também um diálogo e um tempo grávido de acontecimentos, mesmo que seja tão diafanamente pólen.


(Glória Azevedo) Mirante das Inutilidades


ROSA CHÁ AZUL ANIL

Alma rosa chá.
Vestida de rosa chá.
Na casa rosa areia.

Leva - enquanto passeia -
um oceano de espantos
nas mãos:

Cinzas de rosas
no ar do quarto do avô
morto.

Mistério ácido na boca
- sabor do fruto vítreo -
de figueira desconhecida.

Açúcar cristal brilha
- mínimas estrelas -
nas mãos.

Céu rosáceo de Dali
desce ao chão
e incendeia
o futuro lilás:

rosa chá + azul anil

Linhas do destino
emaranhadas
- já no ventre
de nossas mães.

E apenas agora
o homem sagrado
envolto em acordes
de estrelas no cio.

- meu azul demorado!


(Bárbara Lia) Chá para as borboletas



FOTOGRAFOBIA

Guardo as imagens que recolho na memória.
Ou mesmo na falta dela.

Sou um pensador de memórias não vividas
para uma vida de tecer memórias antigas...


(Lau Siqueira)

QUARTA CAPA

O poeta é o que busca
na palavra a dimensão do átomo.
O silêncio extremo por detrás
de cada fato.
O poeta é o etéreo e o ácido
na pele dos valores estáticos.

Estéticos são seus baralhos.

O poeta é o vapor barato e o
lance de dados.
O acaso e o atalho.

Macalé e Mallarmé
no mesmo saco;

O poeta é um guapo.


(Lau Siqueira) Poesia Sim




DIVINAÇÃO

a matemática rendada do poema
pousa questões sem resposta
até onde a vista alcança

uma razão lançada sobre o poema
é uma rede vazia imaginária
de pressupostos ininteligíveis

a malha que tentou conter o poema
plena desfaz-se em fibras
e entrega sua razão ao mar aberto

a santidade que envolveu o poema
errante e transgressora
fura de irrestrições o seu tecido

porque o poema é trêmulo e transpira
cabe talvez num sonho dissoluto
mora no instante mesmo em que se esconde


(Adelaide Amorim) Inscrições

*Imagens: Pinturas de Ana Luisa Kaminski

19 de out. de 2007

Entre vislumbres e imprevistos

Tentamos planejar, nos precaver, adivinhar... desenhamos mapas, escolhemos rotas, inventamos pontes, caminhos, desvios... mas, às vezes, o imprevisto nos visita, apresentando suas surpresas, alguns presentes e rumos delicados, imprevistos!...

8 de out. de 2007

Manifesto Surreal do Amor Alado



Declaração Pública Poética Primaveril de Gratidão e Louvor ao Amor Livre e Alado (ou Flores de Outubro)

Às vezes, fico a pensar sobre o mistério sagrado da criação, do amor e da existência: em como somos ou podemos ser, alternada ou simultaneamente, frágeis, feios, falíveis e também fortes, formosos, felizes, fecundos...

Então, neste instante de sintonia, sinfonia e conjunção amorosa-poética-alada, presto uma homenagem a estas lindas almas, raras, leves, livres e afinadas na arte de viver:

Às magníficas, majestosas, morenas amigas amadas:

Medusa Lola da Alma Violeta
Lyka Lyrika da Alma Lylás
Maga Marci da Alma Alizarin


Aos amáveis, meigos, amigos e amorosos homens-meninos:

Bubi-Beija-Flor da Alma Azul-Celeste
Zalo Marinheiro-Pintor de Alma Ultramar
Lau da Alma Anil, Alada e Lunar


... e agradeço-as/os por inspirarem em mim a crença na potência poética-política-mágica do amor-amizade alados, ao revelar e comprovar que o afeto infindo existe, resiste, persiste, insiste, perdura, fertiliza... como flores eternas num jardim de ternura. Beijos, beijos, beijos pintados em todas estas almas belas!... e também em outras, como a de meus amigos poetas e artistas: Thiago da alma transparente, Alexandro Anjo Pirado, Kaká Luz, Bruxinha-Sereia Malu, Tati Bailarina, Célia Musilli, Ana Peluso, Ana Ramiro, Leila Lopes, Fabrício Brandão, Adelaide Amorim, Bárbara Lia, Ana Guimarães, C.H., Kity Amaral, Cássio Amaral, Assis de Mello, Lu Marinho, Lara Lunna, Anna Lu, Lunna Guedes, Lynda Graal, Yuri Assis, Concha, Lady Azul, Lis, Rô, Rosa, Rufo, Mário Coivara, Mariane Monteiro, Mônica Montone, Maria dos retalhos líricos, Mikosz, Ursa Chris das Cores, Val, Héber, Vera Iana, Vera Basile, Sérgio Luyz, Tuda, Jacinto, Andréa Leoa, Kaka Leoa, Michéle Satto, Marko Andrade, Jacineide, Joaldo, Eurídice,Carlos Bruni, Cacau, Profeta, R. Alves, Miguel e tantas outras almas lindas que seria impossível listar, mas que tecem fios de afeto (de ouro, seda e cetim cintilantes), de poesia e bem-querer, entrecruzando-se delicadamente por estes caminhos coloridos, tramas e mapas-mandalas do mundo, exercitando-se na arte de viver e amar.

*Imagem: "Olhando o Infinito".
Pintura em óleo sobre tela
de Ana Luisa Kaminski

27 de set. de 2007

Tonalidades Orquidais



1.ROXO

Nada é maior que o teu silêncio
A prata da lua
A água corrente
A ferrugem que amadurece as tardes
As pétalas pintadas
Os olhos molhados
As tantas escadas
Que dão para o sem-fim
Nada é maior que o teu silêncio.

2.VIOLETA

Borboletas espremidas
Entre o casulo e o vôo
Despertam asas sutis
Tua pupila espanta-se
Pela asa,
Pelo vôo,
Pela cor.

3. LILÁS

Os tênues fios lunares
Fiam tecidos etéreos:
A nudez da mulher ausente
Um riso dentro do beijo
O perfume, não a rosa.

4. AZUL

Entre planície e nuvem
Vagueiam os teus enganos
Antes abstrato horizonte
A sopés que te encubram
O vento, a lua, a vida.


Texto: Glória Azevedo
Imagem: Ana Luisa Kaminski
Pintura "Asas Azuis"

17 de set. de 2007

riscos e asas...


Finíssimas linhas e rios
rumorejam, riscam, rebordam
o matizado mapa-mandala
da inebriante memória
em cintilantes cores e fios
desenham asas, histórias
cristais, topázios, opalas
em curvas, pontes, desvios
traçando vidas e flores
iluminando vazios
sobrevoando dores e estios
preenchendo vácuos e vãos
em êxtases, mergulhos, fastios
entrelaçando almas e sonhos
caminhos, mundos e mãos
inventam rendas e rumos
imprevisíveis, risonhos....

9 de set. de 2007

Mapas e mandalas



Cartografia

Mapa Físico

Teu corpo feito de curvas e relevos
Revela selvagerias arrebatadoras
À minha língua.

Tuas pupilas acendem -se
E pulsas e te entornas em lavas
Que se derramam
Em minhas mãos invasoras.


Mapa Humano

Teu corpo abre -se
Para minha posse amorosa
Guias-me por entre veredas esconsas
E me exiges língua em labareda
A te explorar, dividir, totalizar.

Texto: Glória Azevedo
Imagem: Ana Luisa Kaminski
"Feiticeira Alyzarim".
Óleo sobre tela.

7 de set. de 2007

sol de setembro


Nas horas claras
calmas e cálidas
no sol e no vento
nas flores, na lua
vejo a energia divina
atravessando janelas
na alma feminina
o mundo vira música
doçura em aquarelas
suavidade e cor...

Imagem: detalhe de "Azul Musical I".
Pintura de Ana Luisa Kaminski

27 de ago. de 2007

Caleidoscópio azulado


I

Olhares
distraídos
esgarçados
flutuantes
e etéreos
aprofundam
aberturas
de abismos
e mistérios
perscrutando
invisíveis
labirintos
e avessos
gris-lilases...

II

Pensamentos
poli-alados
penetrantes
esvoaçam
entre achados
e perdidos
poliedros
da memória
refletindo
mil matizes
e centelhas
azuladas
no mosaico
espelhado
(jamais raso)
do olhar...

III

Borboletas
bailarinas
fulgurantes
e fugazes(?)
celebrando
os sentidos
do eterno
escondidos
nas fissuras
da intrigante
e transitória
morte-vida
tão volátil,
nunca vã...

Imagem: "Cabeça Azul". Pintura de Ana Luisa Kaminski

20 de ago. de 2007

Celebração Azul


Há 41 anos, minha mãe deu à luz uma menina que, bem cedo, descobriria em si o encantamento pelo AZUL e uma grande paixão pela ARTE que faz sua alma vibrar e voar, até hoje. Palavras e cores passaram a fazer parte de seu mundo e ser tão vitais para ela quanto o ar, ou a terra, a água, o fogo, as flores e estrelas. E, na alma desta mulher sonhadora, a paixão pelo azul perdura...

Neste dia de celebração, aqui e agora, quero agradecer,mais uma vez, aos meus progenitores adoráveis, por terem me ensinado, desde aquele dia 20 de agosto, que o AMOR é o bem mais precioso e o maior dos milagres, o único capaz de dar sentido e valor à VIDA, ou transformar as vidas em emocionantes aventuras... Seja por outras pessoas, por uma profissão ou causa, pela natureza ou pela própria existência, é o amor que mantém acesa a “centelha azulilás” da alma, e nos incita aos gestos delicados ou grandiosos que fazem toda a diferença entre uma vida mágica ou vazia. Agradeço, pois, à minha mãe, Hildegard Dóris Kaminski, e a meu pai, Bernardo Eckert Kaminski, pelo presente e exemplo de amor, dignidade e respeito (possíveis e desejáveis na complexa vida humana!) que continuam oferecendo até hoje, bem como pelo apoio que sempre recebi na escolha de meus caminhos azulados...

A gratidão estende-se a meus queridíssimos filhos Daniel e Bernardo, que alegram meu viver com sua presença especial e carinhosa, e ao doce Beija-Flor Bubi, pelo amor constante e por compartilhar dores e prazeres ao longo destas décadas que já trilhamos juntos... Grata também sou às minhas amadas irmãs e amado irmão, pela amizade e companheirismo fecundos, e feliz pelo calor e alegria que emanam de todos os corações amigos, participantes deste colorido celebrar: a vida fica mais doce quando amigas são também amadas, irmãs ou mães, e quando amigos revelam-se simultaneamente irmãos ou amores, nesta trama de afetos cintilantes que faz da existência uma fantástica viagem. É por tudo isso que, hoje, meu coração transborda de contentamento e ternura!...

Continuarei sonhando, sim, semeando e cultivando as flores do jardim, na esperança de que, um dia, exista um tempo e lugar onde não haja espaço para o desamor e para as misérias que dele decorrem. Sigo celebrando e sonhando com a Vida plena, onde cada momento e matiz são pintados com a seiva translúcida que verte e escorre dos corações onde floresce o verdadeiro bem-querer, generoso e infindo...

Imagem: "Paraíso". Pintura de Ana Luisa Kaminski.

6 de ago. de 2007

Véus, vôos e avessos



Quando amo plenamente
abro os portais da alma
sem medo de me lançar
ao alizarim, ao azul
arrisco a entrega inteira
sem temer vôos ou quedas
vislumbro o céu e o avesso
nos olhos descortinados
vejo verdes, lilases, anis
cor-de-noite, terra, gris
janelas abertas, paraísos...
Coração leve, apaixonado
livre dos véus da ilusão
avança no vazio violeta
inventa novos jardins
revive entre nuvens e luzes
ultrapassa limites, cintila
num trânsito eterno-etéreo...

*Imagem: "Borboleta Azul"
Pintura de Ana Luisa Kaminski

29 de jul. de 2007

Indícios lilases


Nas íris
nas asas
nos olhos
nas águas
nas cores
da alma
indícios
de pontes
e abismos
no íntimo
de cada
um...
Entre paixões
pulsações
e paraísos
as cintilâncias
de entrelaçadas
constelações...
...


*Imagem: "Olhar Lilás Polialado".
Pintura de Ana Luisa Kaminski. (em processo).

20 de jul. de 2007

Íris-poético-poliédricas


ORGASMOS DE ÍRIS

Teus olhos enlaçavam os meus
em orgasmos de íris.
Inflorescência de estrelas.

Sempre acordo antes do sol.
Agora, que comecei a te amar,
amanheço antes que o dia.


Espanto as Bacantes gélidas,
que seguem o perfume da tua pele-
lírio do recomeço.


Pedras destilam a bílis
e a mágoa vai vazar em áridas notas
de um blues sem juízo.

As sapatilhas – talismã – azuis
seguem- te em paralela senda.
A dez centímetros e um véu.

O mar recua ante teu passo,
estátuas vertem suor ao teu lado,
dentro o sol, não te permite sombra...

... E teus olhos enlaçavam
meus olhos
em orgasmos de íris...


(BÁRBARA LIA)


*Imagem: "Olhar Verde Poliédrico".
Pintura de Ana Luisa Kaminski
Texto: "Orgasmos de Íris".
Poema de Bárbara Lia.

7 de jul. de 2007

Vibração azulada


Algo na alma
pulsa.
vibra...
vaza...
pinga...
pira...
pinta...
Algo na alma voa...


*Imagem:
"Orchis III". Pintura de Ana Luisa Kaminski

1 de jul. de 2007

Sótão Azul



A Dama do Sótão
em horas inspiradas:

abre a gaiola
e liberta o azul
por um instante

Voa o pássaro

A cor se aquece

, o vinho enrubesce a tarde
como um ocaso de outono
nas ravinas de um bosque
da Nova Inglaterra

Um violino e suas curvas
se auto-afina
pra incandescer a noite

Nem os ratos
cochicham.

(Assis de Mello)


A Dama do Sótão Azul
sonha e brinca com
cinzas de estrelas
poeiras de estrelas
restos de estrelas
cores de estrelas
vozes de estrelas...


(Ana Luisa Kaminski)

*Imagem: convite para a exposição
"A Dama do Sótão Azul"

30 de jun. de 2007

Blogoesfera: sete maravilhas


Participando da proposta de votação em sete blogs que apreciamos e costumamos visitar, do site O Sentido das Coisas, publico aqui uma lista de blogs que selecionei, dentre tantos que gosto (há muitos ótimos, mas já que é preciso selecionar apenas sete...):



Caos de Pétalas - Bárbara Lia
Diversos Afins - Fabrício Brandão e Neuzamaria Kerner
Folhas de Girapemba - Ana Ramiro
Linda Graal - Beatriz Bajo
O Bem, o Mal e a Coluna do Meio - Adelaide Amorim
Palavra e Destino - Leila Lopes
Sensível Desafio - Célia Musilli

*os links estão indicados na lista ao lado,
ENTRE PALAVRAS E CORES.

(Os blogs estão listados em ordem alfabética, e não por classificação!)
O Sentido das Coisas: http://osentidodascoisas.blogspot.com/

* Imagem: "Asas Azuis". Pintura de Ana Luisa Kaminski

27 de jun. de 2007

Oníricos olhares


Olhos de sonho, frestas, limiares?
Entre o real e a invenção, está o que vemos, o que nos olha, aquilo que capturamos ou o que nos captura? Ao capturar, aprisionamos, ou, inventando, liberamos?... O capturado é fugidio, o inventado foge e flui, por entre as malhas matizadas das letras, dos pensamentos, das emoções etéreas... Quando os limites se transformam em limiares, a mágica acontece: aparição dos portais!... para todos os possíveis... aquém e além do explicável , do lógico, do razoável... Viver no entre-lugar periclitante: eternamente em transe, em trânsito, os vórtices em movimento , as espirais do eu... Mas, quem ousa mergulhar, acaba enredado, parece que se perde em labirintos?... Ou, talvez, acaba se encontrando, entregando-se ao azul obtuso, liberado no espaço-tempo eternizado de um instante alado?... A tristeza nos olhos... abismo azulado: reflexo visto pela alma que olha? A luz cintilará, contudo, caso o salto aconteça... se as asas superarem o medo... do mar, do céu, da imensidão...

*Imagem: "Asas Azuis". Pintura de Ana Luisa Kaminski
(em processo)

20 de jun. de 2007

Flores aladas



Orquídeas aladas florescem na alma
em qualquer estação...

(pétala dedicada à amiga G.A.)

*Imagem: "Confluências Rosadas".
Pintura de Ana Luisa Kaminski.

15 de jun. de 2007

Lágrimas lilases


...Algumas pessoas perguntam:
"Por que as lágrimas em tuas pinturas?"...
Digo que são "fios cintilantes que nos costuram ao cosmos"... sinais de emoção, sentimento... que podem ser de tristeza, comoção, prazer...
Às vezes, as lágrimas devem-se à leitura de uma notícia como esta, no jornal:

"A fome matou uma criança menor de 10 anos a cada cinco segundos no mundo em 2006, segundo a ONU." (no jornal de hoje)

Entretanto, apesar das dores:

A poesia sobrevoa
a poesia sobrevém
a poesia sobressalta
a poesia sobressai
a poesia sobrevive
a poesia sobretudo...

*Imagem: "Confluências lilases". Pintura de Ana Luisa Kaminski, em processo...

12 de jun. de 2007

Amoras & Amores



...Por estes dias, namorando telas, tintas, pincéis e cores: eternos amores!...


Nas asas róseas dos sonhos
(e lilases, azuis, cor-de-violeta)
levito, invento mundos e jardins
com pincéis e penas, antenas e letras
cores e desejos, doce afã de borboleta!

Confira em:
http://www.luisakaminski.nafoto.net

*Pintura: detalhe de "Retrato Rosado", de Ana Luisa Kaminski

8 de jun. de 2007

Tintas...



A alma
tilinta
transita
entre
tintas
taças
tintos
trans-
lúcida
manhã
lírica
líquido
cristal
carmim
...


*Imagem: detalhe de "Borboleta Tempo".
Pintura de Ana Luisa Kaminski

7 de jun. de 2007

Ventos Azuis


Lembranças azuladas
balançam ao vento
nos varais da memória
escorrendo cerúleo
na manhã turquesa...

* * *

Divagações violetanis
feito finas seivas de uva
navegam no azul-cobalto
deslizam nos lilases leves
dos fluidos rios da alma...

* * *

Perdura enfim o prazer róseo
de flutuar entre as estrelas
na doce nau do teu abraço
quando na aurora enluarada
fui tua "flor da madrugada"...

* * *


Cristais e cores renascem
todos os dias nos sonhos
e beijos-pássaros pousam
nas claras horas translúcidas
do jardim invernal ultramar...

* * *

Vozes veludosas velozes
de violinos violeta-alados
viajam nas asas dos ventos
afinam-se ao poeta inventor
de azuis-celeste-encantados...

*(Imagens: detalhes de "Mulheres Musicais".
Pintura de Ana Luisa Kaminski)

4 de jun. de 2007

Matizes...


...Porque, enfim, existem as delicadezas: memórias-matizes dos momentos mais doces, dos instantes leves e luminosos que compartilhamos... dos vôos e pousos em jardins invisíveis, sensíveis, inventados... dos mergulhos e ardentes arrebatamentos e abraços, no espaço sideral de teu coração-cosmos viajante... Sim, sonho, escrevo e envio poemas, e rememoro, pintando estrelas, espirais e véus, pois no íntimo perduram as lembranças e luzes, estas cintilações, ainda átomos-faíscas de tantos encantos e ternuras!... E, por preferir pensar em flores e na suavidade dos encontros aéreos, das epifanias corpóreas e iluminações profanas, secretamente sagradas, componho cândidas canções em meus abismos e céus redescobertos, monto mosaicos amorosos com cacos coloridos de ventos transparentes e nuvens violeta, esboços de sorrisos, prazeres, presentes, perfumes, papéis, pedaços de palavras bebidas em tua boca, partículas de brilhos colhidos em teus olhos, beijos de uva em teus lábios líricos... Por não querer manchar este tesouro (com restos de mágoas, nódoas de amarguras ou espinhos de desconfiança) preservo o mais puro néctar de tal precioso afeto em meu sangue, seiva lilás em minh´alma, em marcas indeléveis daquela que hoje sou... Se intensifico, fantasio, se o discurso parece delirante??? Pode ser, apenas, por me sentir flutuante-tran-lúcida, estrela derretida, poeira ou música alada-i-lógica, luz e calor solar, reflexo azul de lua cheia, pétala rosada e etérea que te acaricia em sonhos... E creio, sim, que existem asas...

*(Imagem: detalhe de "Cabeça Lilás". Pintura de Ana Luisa Kaminski.)

1 de jun. de 2007

Véus


Delicada homenagem de uma amiga lírica,
Luciana Marinho:

http://www.maquilirica.blogspot.com
...Entre estrelas e véus, colhendo flores azuis enluaradas...

28 de mai. de 2007

Trans-lucidez...















Apenas pingos poucos
cintilam choram curvos
ao cosmos costurados
clamam no véu do espaço
no escuro céu crispados...
Apenas poeiras esparsas
e cores-vozes voláteis
cheirando a orvalho e chuva
circulam velozes-versáteis
dançantes no ar azul-uva...
Apenas farelos frágeis
de ferro, fogo ou brasa
afagam a boca rubra
da esbelta taça dourada
postada no centro da casa...
Apenas pedaços soltos
de desejos faiscantes
sonhos, asas e vapores
flutuam nos instantes
da tarde quase triste
fragmentos de amores...


Cacos...

Pequenos pedaços
de sonhos violetas
explodem em cacos
de luas e letras
no espaço azulado
respingam, transvazam
cristais nas gavetas
risonhos delírios
e mil borboletas...

Sopro

O universo conspira.
O silêncio sussurra.
A letra delira, pulsa, suspira...

(*Imagem: "Tran-lucidez" ou "Colagem Azul". Composição de Ana Luisa Kaminski)

25 de mai. de 2007

Transe...












As línguas doces do sol
lambem farelos de luas
nas janelas e ruas, nos véus
lambuzam almas e vidraças nuas
nos ares leves da manhã de maio
dias de mel e luz, nos céus...

(*Imagem: "In-Conclusão". Pintura de Ana Luisa Kaminski)

24 de mai. de 2007

Azul...


Andando pela rua
ambivalente manhã
clara de sol e lua
um banho de luz
abundante azul...


(*Imagem: detalhe de "Conchas Azuis".
Pintura de Ana Luisa Kaminski)

23 de mai. de 2007

Asas...



Apenas partículas, penas
restos e sombras, plumas
riscos e sonhos, traços

rastros de asas rosadas

cinzas azuis e brumas
entre vôos e pinceladas
mil volteios e vertigens
ou delicadas an-coragens
no seio das madrugadas
no violetanil, viagens
em teu céu revisitado...

Apenas partículas, gotas
sobras e respingos de luz
sinais de desejos, doçura:
saudade aveludada e densa
do sorriso solar, da ternura
nesta manhã lilás manchada
de chumbo-cobalto, escura...

Apenas partículas, grãos
letras e luas aguadas
lembranças de loucuras sãs
aquarelas, memórias aladas
nas curvas noturnas, nos vãos
insistem e cintilam, dançantes
estrelas, entrelinhas, estradas...

(Imagem: detalhe de "Anja Rosa". Pintura de Ana Luisa Kaminski)

18 de mai. de 2007

Farelos...

Clique aqui para ler o texto de Luiz Rufo sobre meu trabalho

Hoje flutuam na alma


restos de desejos rosados
cinzas estelares azuis
migalhas de sonhos violetas...



Cintilam sentidos soltos
cores
farelos de luas e letras...

...

Texto "Ticiano" de Luiz Rufo

17 de mai. de 2007

Cinzas & Estrelas














Chuvas cósmicas e vôos
no intra-caos abissal
cometas ariscos, poeiras
gotas, pingos, vendaval
acontecem nas manhãs
molhadas-móveis de maio
constelações e conjecturas
das mil danças, o ensaio...

Cristais, anéis, elipses
luas e espirais
galáxias fumegantes
e pérolas astrais
estrelas trituradas
fuligens, sais, vapores
lampejos, cintilâncias
memórias de amores...

Cacos de conchas, casulos
céus e correntes marinhas
águas, ritmos, rituais
incandescentes entrelinhas
encontros, fluorescências
colares, curvas, caracóis
no espaço livre e nebuloso
do mergulho entre-lençóis...

Cinzas de sóis e sonhos
restos, farelos, grãos
adornando pés, cabelos
pescoços, seios, mãos
na travessia da noite
brilhos, pós e pedrarias
fios de nuvens violetas
fiapos de fantasias...

11 de mai. de 2007

Gavetas & Guarda-Chuvas...









Gosto de guardar envelopes
com selos coloridos cantantes
trazendo vozes e livros alados
chegados de lugares distantes
contendo suspiros, asas, pólens
ecos de almas de poetas singrantes...

Gosto de guarda-roupas antigos
porta-chapéus e baús violetas
casacos e cachecóis, cabideiros
cômodas, criados-mudos, gavetas
cheias de papéis, chaves e cheiros
cartas e sonhos azuis, borboletas...

Gosto de guarda-chuvas flutuantes
pensamentos fluidos, frágeis, viajantes
flanando por ruas molhadas nuas flores
olhares líquidos, lagos, pedras, dores
pétalas perdidas caídas nas calçadas
poças,passos, prazeres, pingos, cores...

7 de mai. de 2007

Antenas...







Entre Ânkoras e Asas, tentando me equilibrar, sem tirar os pés do chão nem as asas do céu, as antenas no ar....

3 de mai. de 2007

Indeléveis...


...E ficam, sim, as marcas indeléveis do vivido e sentido, em nós: os sulcos, desenhos, cicatrizes... como parte integrante do ser , de nossa urdidura e história... Nestes dias de outono, uns estados “diferentes” na alma: de leve nostalgia, saudades do passado e do porvir...No presente, suaves sobreposições e veladuras: memórias do que foi, é e será. No coração, caldeirão de emoções, sumo enriquecido pelo sabor de tantas lembranças e amores: delicadezas!...

1 de mai. de 2007

Lua Cheia


Luzes
surgem
no olhar
amado.
Noite azul
de lua cheia.
Algo na alma
pulsa e vibra,
algo no ar
nos incendeia.
Brilhos de sol
rosa nascente,
peles cintilam
na flor da aurora
suavemente.


Beijos e risos
de diamante,
cristal volátil
leve instante
em que tocamos
o paraíso
céu viajante.
Brinde alado
ao amor livre
redescoberto
eternizado.


*Poema dedicado ao doce Beija-Flor-Azul de meu coração,
Osmar Ernesto Kohn, dono de uma alma suave, amorosa e clara.

27 de abr. de 2007

Triangular...



Entre tristezas e êxtases
transitamos
mas nem sempre habitamos
os abismos ou ápices
da ondulante emoção:
existe um terceiro espaço
entre-lugar volátil, duvidoso
híbrido, enevoado, nebuloso
uma triangular abertura
ou fresta, canal, passagem
limiar, lugar de luzes e doçura
bruma leve onde dança a aragem
e balança livre o pêndulo do tempo
qual mensageiro-mágico-dos-ventos
anunciador de imprevistos e surpresas
no tilintar dos musicais movimentos
réstias de sol matinal, delicadezas
retalhos de céu anil outonal
janelas de cortinas rendadas
pontes, portais e entradas
onde repousam as asas
amantes de luz e azul
onde renascem as almas
sensíveis, suaves, serenas
libertas de segredos ou medos
prenhes de seiva vital
reluzentes de ternura
e cristal...


***Dedico este poema à linda Leila Lopes,
alma luminosa que capta e traduz em suas imagens e palavras os sinais da doçura divina presentes no mundo, lugar de tantas ambivalências, paradoxos e mistérios...

Seu trabalho pode ser visto em:
Palavra e Destino
In Margens
(ver lista de links ao lado)

25 de abr. de 2007

Asas e censuras...


...Poderias, porventura, me recriminar
pela profundidade da ternura
que palpita em ondas de saudade insistente?...

...E, acaso, deverias me acusar
pela plenitude da entrega, inteira,
por ofertar a ti meu coração, sem reservas?...

...Poderias, será, me censurar
pela completa e integral confiança
depositada em ti, alma amada, alada e aflita?...

...Poderia eu te repreender, amor,
por teres te atrevido a voar mais longe
mais livre e desejante de aventuras?...


...Deveria eu te criticar, meu bem,
pela intensidade móvel e complexa
dos coloridos entrelaçamentos de amores?...

...Poderia eu reclamar, minha doçura,
de tuas asperezas e ausências, apenas
porque prefiro doçura e aconchego constantes?...

...Deveríamos nós desistir, acaso,
de acreditar ou de insistir no possível
dos afetos, dos sonhos, das asas
e nos arrepender do vôo encantado?...

...Ou, simplesmente, vibrar e celebrar
as lembranças mais doces, memórias
dos olhares cintilantes e assombros
do prazer de habitar, por um tempo
mundos e jardins azuis compartilhados?...

23 de abr. de 2007

...germinar...


...Outro outono em nossos ciclos, tempos e estações... folhas que se avermelham, e caem, rubras, douradas, dançantes, preparando a terra para novas sementes, flores e botôes... Dormem e sonham as borboletas...

22 de abr. de 2007

Poema-ponte-passagem



POEMA: porta-pulsão
palco-porto-paixão
parede-espelho-escudo
violino-violeta-veludo...

POEMA: ponte-passagem
percurso-rumo-viagem
miragem-paisagem-doçura
delírio-vertigem-ventura...

POEMA: poço-fenda
abismo-teia-trama
tecido-rede-renda
fagulha-fogo-chama...


POEMA: pétala-pérola
pólvora-pedra-pluma
ostra-concha-casulo
onda-cascata-espuma...

POEMA: planeta-poeira
estrela-espaço-espasmo
estudo-cometa-espiral
desejo-orgia-orgasmo...

POEMA: gatilho-explosão
seiva-sangue-alquimia
trânsito-luz-infusão
êxtase-paz-epifania...

POEMA: sonho-constructo
devaneio-desenho-invenção
semente-utopia-gérmen
energia-cosmos-tesão...

12 de abr. de 2007

Veladuras...



Palavra-asa
palavra-pena
palavra-pluma

Palavra-véu
palavra-brisa
palavra-bruma

Palavra-céu
palavra-chave
palavra-chão

Palavra-pó
palavra-massa
palavra-pão

Palavra-flecha
palavra-faca
palavra-fogo

Palavra-alvo
palavra-dardo
palavra-jogo

Palavra-fio
palavra-linha
palavra-laço

Palavra-risco
palavra-fenda
palavra-traço

Palavra-pólen
palavra-sêmen
palavra-flor

Palavras vãs
vôos-viagens
ou veladuras?

Palavras-tramas
rendas de sonhos
ou tessituras

Vestindo vãos
driblando a dor
com urdiduras...



*Dedico este poema à Ana Guimarães,
por ter sido "inspirado" após a leitura de seu poema "Adição", que pode ser lido em:
http://www.veropoema.net

10 de abr. de 2007

...pólens...


...As pessoas continuam procurando respostas para a pergunta “o que é o amor?” ...
...Penso que amar a Vida é insistir em semear sonhos e paz, é teimar em tecer fios e rendas de ternura, num mundo corroído pela desesperança e impregnado de amargura...
...É estender a mão e ofertar pão, delicadeza e doçura, em vez de ir ao shopping comprar coisas caras, tentando (em vão!) preencher os vazios e ocos da alma com ilusões e compulsões consumistas...
...Amar a Vida é confiar na potência do afeto e do tempo, apesar dos apelos e exigências do mundo para que desistamos de investir no SER e nos rendamos às atratividades e armadilhas do TER... Amar é, a despeito de todos os espinhos e agruras, espalhar pétalas-palavras ao vento, pólens, perfumes e pulsões de candura!...
...Amar é desejar a preservação da própria Vida, deixando fluir a seiva do amor, tentando desendurecer corações ressequidos pelo excesso de ganância, vaidade ou violência... É, lembrando Murilo Mendes, encarar e resistir aos monstros do medo, da miséria e da alienação do mundo mecanizado e individualista... É inventar e proliferar flores e sentidos, para dar impulso vital à re-criação de si e de outrem...
...Portanto, se temos que voltar ao pó e ao chão, que sejamos, antes disso, solo de com-paixão, poeira de poesia!!!

9 de abr. de 2007

fios...




Em forma de fios
cintilantes, cristalinos
escorre a seiva vital
por caminhos curvilíneos
vaza em sonhos e sangue
em mel, lágrimas, desejos
percorrendo labirintos
nos corações humanos
entre terras e céus
sóis ou chuvas azuis
fazendo balançar
a leve nau da alma
conduzida por estrelas...

4 de abr. de 2007

Flor-de-Fogo



















Onde andará a chama incandescente
Centelha exuberante escondida
Faísca-flor-fugaz e fulgurante
A flor-solar-vivaz e atrevida?...
Onde andará a chave escarlate
A pérola da concha renascida
O brilho-luz do carmim-alyzarim
A cor, a cintilância esquecida?...
Onde estarão as leves asas rubras
A translúcida-volátil flor-da-aurora
O esboço transparente, mel do paraíso
A doçura lírika-rosada de outrora?...
Onde estará a flor-de-fogo flamejante?...
Vaporosa e perdida em abismos fundos
Viajando em outros céus e mundos
Sob mil véus, fagulha adormecida?...
Onde os riscos-lampejos das pétalas
O néctar doce da corola dourada
O segredo da flor-romã-encantada
O rio de aromas, seivas, matizes?...
Estará presa ou solta no espaço
A brincar entre nuvens, espirais e raízes
A espiar o esconde-esconde das luas
Das tempestades, das ondas, dos ventos?...
Frágil-forte flor-de-fogo flutuante
Semeando novas eras, novos tempos sem agruras
Desenhando seus caminhos finos-curvos
Sem espinhos, sem tristezas, só ternuras...


OU:

Onde andará aquela chama
Aquela centelha escondida
Faísca-flor incandescente
Aquele sinal-sol de vida?...
Onde estarão as chaves
A pérola da concha nascida
O brilho do alyzarim
A cor cintilante esquecida?...
Onde estarão as asas
Rubras da flor-da-aurora
O esboço do paraíso
A doçura rosada de outrora?...
Onde andará a flor-de-fogo?...
Em abismos profundos perdida
Viajando por outros mundos
Sob mil véus adormecida?...
Onde os riscos-estrias da pétala
O néctar da corola dourada
O rio de perfumes e seivas
O segredo da flor encantada?...
Estará solta no espaço
A brincar com estrelas e nuvens
A espiar o esconde-esconde
Das luas, das ondas, dos ventos?
Flor-de-fogo flutuante
Desenhando seus caminhos
Semeando novos tempos
Sem agruras, sem espinhos...

(esta era a primeira "versão", quase um esboço, do poema...
Às vezes, acabo gostando mais do rascunho!...
Digam o que acham...)

31 de mar. de 2007

...centelha...

No centro de tudo
uma faísca azul
(fagulha, chama, centelha)
um desejo de luz
de cor e calor
incandescente...

30 de mar. de 2007

...dança dos dias...


...Os dias deslizam, dançam, voam!... A cada dia, mais um pedacinho no mosaico de nossas existências... mais pinceladas coloridas na louca tela da vida... mais movimentos espirais, cíclicos, musicais... mais alguns fios entrelaçados, linhas cruzadas, tramas desfiadas... mais algumas manchas, mais marcas, mais matizes... outras cicatrizes, dores e cores... novas esperanças, sonhos e amores...

26 de mar. de 2007

...murmúrio musical...

...Os movimentos musicais-vitais se alternam, as melodias se encontram e se transformam,confundem-se na sucessão de momentos e ritmos, na história de cada um de nós...Sinfonias... "Allegro Vivace" alternando-se com "Acalantos" ou "Moderatos"... Entre sons e silêncios, "Andantes" ou "Graziosos", a canção da vida vai surgindo em cada coração, cabeça, boca, alma...que singra, sangra, sonha... e canta, retumba, ressoa!
...Canções e caminhos entrecruzados, harmonias ou contrastes, almas afinadas, desafinadas, dissonantes... Melodias que acalmam, encantam, envolvem, libertam,incitam, enfeitiçam, músicas que esperam, renascem, renovam, reavivam a seiva compondo novas notas e sonhos, invenções na ária fugaz e eterna... dando voz e luz ao "murmúrio infinito do cosmos"...

20 de mar. de 2007

reconfigurações...


O mais colorido e dolorido da vida talvez aconteça em suas constantes reconfigurações...

...Algo acontece, lá no fundo, e o que é???... Não sei, ainda, dizer... mas sinto os movimentos, a espiral a girar, os vórtices e vertigens, os ritmos, os ciclos, as luas e sóis que se entrelaçam, dançam, se confundem num bailado eterno- fugaz feito cintilações , constelações, colares de astros, estrelas, cristais e caracóis...

...nau e luz...

...A nau da alma ilumina
recantos, solidões, abismos
apruma asas, velas, pensamentos
lança-se à vida, aos ventos infinitos...

19 de mar. de 2007

...linhas...

...A nau da alma enovela
caminhos, corações e laços
confunde e redesenha linhas
destinos, tempos e espaços...

16 de mar. de 2007

...sonhando...

...A nau da alma singra, sangra, sonha...
...A nau da alma chora, enquanto deseja dançar...
...A nau da alma mergulha, contudo deseja voar...

13 de mar. de 2007

naus e véus

...A nau da alma singra...
...a nau da alma sangra...
...a nau da alma sonha...
Entre véus e turbulências, voa
viaja, espalhando poeira e poesia
nas entrelinhas das vidas, vislumbra
ilhas, vulcões, velas, transparências...

12 de mar. de 2007

nau da alma


A nau da alma parte
levanta ânkora, desfaz o nó
atravessa as águas de março
abre as asas no azul espaço...

A nau da alma pousa
num ponto sobre o abismo
e analisa o mapa-mandala
do mundo-labirinto-lilás...

A nau da alma pulsa
seguindo seu vôo-paixão
encontra espirais e ventos
em movimentos infinitos, in-fusão...