Exercícios poéticos, apaixonados e patéticos: pequenos mergulhos e vôos, para compartilhar...

5 de dez. de 2008

sonhos, suspiros e seivas


A vida se desfaz e refaz
suspira, vibra e reluz
a cada sonho ou manhã...
...
Texto e imagem de Ana Luisa Kaminski
Pintura: "Alma Azul"

5 de nov. de 2008

eternidade



" O amor é o emblema da eternidade.
Com o amor, qualquer idéia de tempo e espaço desaparece, esfuma-se a memória de um princípio e todo o temor a um final."

(Madame de Staël)
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Um amor que só ama
E de amar vive sendo
Ausência e desejo

Farpas
Cimento e cal
Paredes erguidas

Mas basta um sopro
Brisa mínima de tua boca
Para ruir o palácio do nunca mais

O que existe é passagem.

(Glória Azevedo)
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"_O instrumento perfeito é você! - revelou Luíza com um pequeno sorriso sensual, quase de dor, desenhado nos lábios."

(Lara Lunna)
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Imagem: "Jarro Azul". Pintura de Ana Luisa Kaminski

7 de out. de 2008

tons e semitons de outubro


A cada dia compomos
compassos de nossas vidas
abrimos caminhos e curvas
vibramos e ressoamos
com dores e alegrias
pintamos almas e notas
com sonhos ou sinfonias...
A cada volta ou encontro
em tons e semitons, matizes
viajamos ao fundo do abismo
tocamos estrelas, raízes
sentimos, inventamos sentidos
entre sonoridade e silêncio
tecemos rendas e fuzas
claves de sol e colcheias
entre andantes ou chuvas!

(ANA LUISA KAMINSKI)
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PATCHWORK #1


imersa em cena de Dali
bebendo chispas/raios mel
dos olhos teus
lágrimas caindo no rio
pentagrama
compasso de folhas
acordes de pássaros
e voz navalha
de Tetê Espíndola

(BÁRBARA LIA)
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9 de set. de 2008

Sonhos de Setembro



Serão verdes ou azuis
lilases ou violeta
rosados ou magenta
os sonhos de setembro?
Virão suaves ou selvagens
em luas e sóis sagrados
em nuvens ou nos ventos
secretos ou ecoando?
Serão sublimes ou ferozes
seivas e sonhos de setembro
virão sozinhos ou em bando?...

Imagem e texto: Ana Luisa Kaminski

27 de ago. de 2008

Agosto Azul




Um poema de Bárbara Lia, neste final de agosto:

MEIA ELIPSE ENCANTADA

Assai = amanhecer.
Aurora de algodão.
Ecos do tiro de Vargas.
Agosto hostil.
.
Percorro a linha elíptica
Aurora – Poente.
Sonhos & Sons.
Êxtase.
Cimitarras na carne.
Dança em etnas-lençóis.
Olhos plenos de orvalhos.
Agonia.
Paz.
.
Não temo o poente.
É quando a luz se espalha.
A terra se agasalha.
Aceno lenços-poemas
Na despedida.
Um sorriso-açucena.
Visto o luar.
Entro na noite branca
Meio ao aplauso das estrelas.


BÁRBARA LIA
(O sal das rosas
Lumme editor - 2007)
*Outros poemas da autora no blog CHÁ PARA AS BORBOLETAS.
(ver links ao lado)

IMAGEM: "Olhar Alado Azul". Pintura de Ana Luisa Kaminski

7 de ago. de 2008

"Afinações da Alma"


EXPOSIÇÃO DE PINTURA "AFINAÇÕES DA ALMA"
LOCAL: LIVRARIA LIVROS & LIVROS, Florianópolis
ABERTURA: 08/08/2008 às 17:30 h
VISITAÇÃO: até dia 27 de agosto




Malu Titon, Ana Kaminski e Helen Ferreira

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Vou pintando meus dias e noites
sobre o avesso ou direito da tela
vendo estrelas e ventos, curvas
olhos brilhantes ou nuvens turvas
nas voltas da vida ligeira e bela
que se desfaz e refaz em fuligens
se recompondo a partir de poeiras
redesenhando universos, raízes
reinventando seivas, matizes...


(*reciclagem de retalho de poema de agosto de 2007)

21 de jul. de 2008

fagulhas, órbitas e eixos...




DERVIXES


Obliterar-se,

buscar o todo
em cada grão de poeira
cósmica, repetir a órbita do

átomo, a anfimixia das
células.

Tornar-se o Verbo
rodopiante, irresistível fagulha
que retorna à fogueira.

O coração como eixo.


(ANA RAMIRO. Outros escritos desta autora no blog Folhas de Girapemba, ver lista de links ao lado.)

Imagem: "Paraíso". Pintura de Ana Luisa Kaminski

7 de jul. de 2008

movimentos vitais


Movimentos Vitais (Ana Kaminski)

Renovar (olhares e mundos)
reciclar (olhares e laços)
reinventar (olhares e mapas)
necessidades vitais
das almas aladas
vivazes-viajantes...

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POESIA DO REAL (Ana Guimarães)

O impermanente, eternizar
a infinitude, aspirar
sonhar
que a morte nada mais é
do que uma porta giratória
pela qual se vai, continuamente, dar
no mesmo lugar

o que poderia me fazer calar
me faz cantar (digo, escrever)
esse canto, mesmo com espanto
que sai do meu bico
esse mito que invento
pra não desistir
pra não ter que encarar o nada
torno-me alada
e no céu da história
plano

transformo música em letra
traduzo, verto, translitero
pego o real pela cauda
e lhe dou um brilho
de estrela

tomo os excessos que escorrem
– selvagens –
como espuma no corpo
e os faço miragem
oásis em solo deserto

o mesmo real que, parece,
partiu minha vida em metades
minou vontades
desenha uma nova imagem
e faz renascer o que não quer morrer
pra sempre

estranha e súbita conversão
a arte, essa desconhecida
visita a perfumar o calabouço
onde há pouco pensava eu
cortar o pescoço

outro ser nasce diante de mim
ou o descubro, não sei
no final (a operação/batalha é vital)
atravesso o espelho
e ganho a guerra:
de novo a desabrochar
a flor do desejo

aquele muro onde me recostava
no escuro
visitando sepulcros
mesmo prenhe de saudade
– ou et pour cause –
emoldura agora um futuro

instantes dissonantes
corpos mortos, em lajes frias
dobrados, como sinos
em bela sinfonia
pura harmonia

e eu que pensava não saber
(não sei) o que fazer
com aqueles restos
de repente via, ouvia
tudo mudar de lugar e de sentido:
a poesia se fazia

falei em calabouço? A liberdade
seu germe, por paradoxal que seja
lá está: na prisão da verdade
não nas tontas e vaidosas
mentiras prontas

...
*Mais poemas de Ana Guimarães podem ser lidos no site VER O POEMA, veja lista de links na lateral.


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Imagem: "KlimtKaminskiano".
Aquarela de Ana Luisa Kaminski.
Releitura de pintura de Klimt.

3 de jul. de 2008

Intervalos



Pinga sobre o papel uma gôta do tinto que bebo tentando atenuar a tristeza... mancha e colore a página, onde traduzo emoções, e vai tingindo, também, pensares, sonhos, sentires... Penso sobre as almas humanas, inquietas. As almas humanas sedentas e desejantes, sensíveis e insensíveis, alopradas. As almas alucinadas, as almas iluminadas... e onde está o intervalo, o interstício invisível entre desejo e medo, azul e alizarin, entre pleno e vazio de sentido?... Suave e sutil diferença, desvão, entre epifania e delírio, alucinação e visão...Contraste crucial entre agonia e gôzo! Entre loucura e lucidez, onde está o limite, e qual será o limiar da paixão, no apetite vital que nos move?... Onde, o segredo da luz?...


Imagem: Pintura "Violinos Oníricos", de Ana Luisa Kaminski

3 de jun. de 2008

Matizes do prazer


Nos céus e nos mares da alma
misturas de mundos, matizes
movimentos, marés, melodias
fulgurações, cintilâncias
medos e emoções, harmonias...
Nos intervalos, nas notas, nas teclas
nas asas, pausas, aberturas
nos sonhos e acordes, balanços
afinações e flores, fissuras
riscos e rastros, desejos
traços, prazeres, ternuras...
Nos gôzos azuis e lilases
nuances de alizarin, violetas
espaços e tempos, loucuras
nos vaivéns e viagens, nos ventos
na brevidade das borboletas...

(ANA LUISA KAMINSKI)

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METAMORFOSES

Minha forma vaza pelas letras
com a rudeza dos contornos
apalpados por minúsculas patinhas
que formigam nos pensamentos.
Por entre os moldes recortados
vibram cordas ocultas que ainda
não foram afiadas pelo uso.
Em fendas as folhas dos dias
escrevem na pretensão do branco imagens
que sucumbem à caneta
e reticulam palavras num fog .
Tento alcançar as estrelas
mas a realidade é frágil textura
e a imaginação é uma herança
num baú comum aos humanos.

(MARIA, do blog "Retalhando-Maria")

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INSCRIÇÃO EM LUZ

Trazia no peito a mancha
de um vôo contra o céu trêmulo
e um dardo que lhe lançaram
enquanto velava seu pássaro
transformar-se em pouso.

(LUCIANA MARINHO, do blog "Máquina Lírica")

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DESENHOS

Para não esquecer você,
que destino também se faz,
como mapa.

(VERA IANA, In "Mapeada")

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Imagem: "Borboleta Azul".
Pintura de Ana Luisa Kaminski

6 de mai. de 2008

Orquídea Obstinada




Tão natural, vibrante, tenaz
quanto orquídea obstinada
que, insistente e vivaz,
floresce nos ares, nas pedras
após vendavais ou queimadas
ressurge, viceja, voeja
alma livre, azul, alizarin
onde ecoa, musicado, um "sim"!

Imagens: "Violoncelista Alizarin".
Pintura (em processo) de Ana Luisa Kaminski.
Poema dedicado à doce Ester da alma estrelada.
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4 de abr. de 2008

Nau e Luz...


...A nau da alma ilumina
recantos, solidões, abismos
apruma asas, velas, pensamentos
lança-se à vida, aos ventos infinitos...

Imagem: "Caracóis Oníricos".
Pintura de Ana Luisa Kaminski
(em processo)

1 de mar. de 2008

enigmas...



Tantos mergulhos
e inúmeros vôos
para o centro de si ou
pelos limites do mundo
para inventar limiares
e enfim, descobrir
que somos sempre enigmas
que existem poucas certezas
e infinitos desejos
nos sonhos e olhares
travestidos de asas
que nos levam além...

Imagem: "Olhar Alado". Pintura de Ana Luisa Kaminski

7 de fev. de 2008

Fulgurações Lilases


Olhares
esgarçados
perscrutando
labirintos
e abismos
escondidos
descobrindo
paraísos
e sentidos
fulgurantes
nos instantes
que cintilam
e tão rápido
se esvaem...

Imagem: "Olhar Orquidal Lilás" (ou "Confluências Lilases").
Pintura de Ana Luisa Kaminski

16 de jan. de 2008

Reinvenções Róseas


A vida se refaz e reluz
a cada sorriso e manhã
a cada captura e vôo
a cada libertação
dos olhares, das linhas, da luz
se desfaz e russurge, vivaz
a cada reinvenção
dos matizes, sentidos, da cor
a vida renasce e seduz...

(Ana Luisa Kaminski)

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Ouço a tua música
invisíveis acordes
que tocam no meu corpo
trêmulo e dissonante

tempestades.

loucura de pedra
lavada na chuva
molhada de lua
e desbarrancada no rio

liquefiz.


(Maria, do blog "Retalhando-Maria".Ver links ao lado.)


Imagem: "Confluências Rosadas". Pintura de Ana Luisa Kaminski

10 de jan. de 2008

azul-noite

Na madrugada matizada de azuis, suplico aos Céus que semeiem flores-de-luz nos corações humanos, nos recônditos e porões, no âmago e na superfície das almas que habitam o planeta. A noite chove estrelas, silêncio e cor. Calo, e abro as asas.

(Ana Luisa Kaminski)
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RESTAURAÇÃO

procuro a paz que existe nas palavras
teimosamente
e às vezes é preciso raspar tantas camadas de pinturas sobrepostas
que quase desisto

palavras muito limpas e polidas
costumam cintilar como as estrelas

quem saberá
se existe paz nas estrelas?

(Adelaide Amorim)
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TENTANDO UM AZUL

tentar um azul
escoltado por infernais

arriscar uma rota
até as estrelas

quem sabe escapar
à voragem do tempo

e salvar-se da sina
do que é o pó:

ser um assunto
para os desertos

sob o olhar
da eternidade


(Héber Sales)

8 de jan. de 2008

palavra-pluma


Palavra-pluma
voeja
viaja
levita
repousa
n'almazul
...
palavra-asa
palavra-pele
palavra-pedra
palavra-cor
...
palavra-prole
palavra-sôpro
palavra-luz:
vôos-viagens
vertigens-mapas
traça e traduz
...

1 de jan. de 2008

Oníricos Olhares Orquidais


Para começar este ano, com votos de que seja alado, inspirado e poético para todas as almas amantes da Vida, trago algumas palavras da Morte, na voz de Markus Zusak:

Tive vontade de dizer muitas coisas à roubadora de livros, sobre a beleza e a brutalidade. Mas que poderia dizer-lhe sobre essas coisas que ela já não soubesse? Tive vontade de lhe explicar que constantemente superestimo e subestimo a raça humana - que raras vezes simplesmente a estimo. Tive vontade de lhe perguntar como uma mesma coisa podia ser tão medonha e tão gloriosa, e ter palavras e histórias tão amaldiçoadas e tão brilhantes.

Nenhuma destas coisas, porém, saiu de minha boca.
Tudo que pude fazer foi virar-me para Liesel Meminger e lhe dizer a única verdade que realmente sei. Eu disse à menina que roubava livros e a digo a você agora.

UMA ÚLTIMA NOTA DE SUA NARRADORA:

Os seres humanos me assombram.

(Markus Zusak, in A Menina que Roubava Livros)
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Imagem: "ONÍRICOS OLHARES ORQUIDAIS" (ou "Confluências Rosadas"), pintura de Ana Luisa Kaminski, em processo.