Exercícios poéticos, apaixonados e patéticos: pequenos mergulhos e vôos, para compartilhar...

8 de mar. de 2014

Flores em profusão

" [...] e eram flores em profusão, desabrochando, florindo, por toda a cidade, flores em todos os cantos, becos, ruelas e avenidas floridas, e eram flores caindo pelos prédios, edifícios, saltando das janelas das casas, dos apartamentos, caindo pelas escadas e sobre os corrimões, eram flores e mais flores, as casa que estavam fechadas viam entrar flores por baixo dos frisos das portas e pelas arestas das janelas fechadas também entravam flores e pétalas, nos prédios em construção, nas casas abandonadas e nos terrenos baldios dos bairros da cidade igualmente floriam rosas, azaléias, nas escolas e universidades, amores-perfeitos nos pátios das creches e jardins de infância, tulipas dentro das salas de aula, eram crisântemos nas igrejas e violetas nos departamentos de polícia, nas delegacias,nos hospitais proliferavam flores, bromélias, nas fábricas e nas lojas, nas vendas, mercearias, margaridas nas bibliotecas, estrelícias e begônias dentro dos shopping centers e supermercados, gerânios nos estacionamentos, e eram magnólias nos parques-aquáticos e nos playgrounds, as flores de laranjeiras, dos maracujás, as flores das macieiras nos escritórios e repartições públicas, e de toda a sorte de árvores frutíferas e todas as outros tipos, das frondosas e velhas árvores e das jovens mudas, todas floresciam, compondo tapetes multicolores por sobre as calçadas e até mesmo nas ruas, eram flores perfumosas a cobrir o asfalto das rodovias (...) eram ares cheirosos perfumando as pessoas por dentro. [...]"  (João Amado)






Imagem: "Ninfa no Paraíso Azul".
Pintura de Ana Luisa Kaminski