Exercícios poéticos, apaixonados e patéticos: pequenos mergulhos e vôos, para compartilhar...

21 de abr. de 2013

Amor, flexibilidade e perdão

Apenas quem é capaz de atentar para os próprios erros, antes de julgar os alheios, também está apto a amar com toda a potência. O sujeito amoroso e maduro consegue perdoar as falhas dos outros e aceitar suas imperfeições, escapando à rigidez egóica daqueles que, inflexíveis, criticam os tropeços de outrem, sem perceber os próprios defeitos e deslizes. Se não existissem sujeitos capazes de perdoar e amar com generosidade, ninguém mais acreditaria, ninguém jamais confiaria ou amaria, já que todos os seres humanos erram e tropeçam muitas vezes durante a trajetória vital.

Quem consegue perdoar também é capaz de amar com grandeza, aceitando a imperfeição do outro e priorizando suas qualidades e virtudes, o que só é possível a partir do reconhecimento da própria incompletude, ou seja, ao desfazer-se de um ego rígido e idealizado que impede o sujeito de ver ou ir mais além. Quem é incapaz de perdoar quase sempre é aquele que, com a visão embotada pelo excessivo orgulho, se esquece de quantas vezes foi perdoado, valorizado e amado, apesar de seus próprios fracassos e erros...

Portanto, apenas o sujeito capaz de perdoar e aceitar a própria incompletude e também a do outro está capacitado para amar com maturidade, apto a cultivar amores e vínculos duradouros, sem o empecilho do excessivo narcisismo ou da inflexibilidade do ego, às vezes erroneamente confundidos com força.

(Ana Luisa Kaminski)

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*Fotografia: Arnold Genthe, 1915

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